segunda-feira, 28 de abril de 2008

Cinema novo: o Brasil como ele é

Marcelo Silva

O final dos anos 50 marcou a decadência das grandes companhias de cinema no Brasil. Estúdios de grande porte – como a Vera Cruz, por exemplo – foram concebidos com o intuito de colocar o cinema brasileiro em condições de concorrer com as produções internacionais. Porém, devido ao alto custo das filmagens – entre outros fatores – a tentativa falhou. Em meio a esse momento, jovens diretores inspirados por um novo cinema europeu - em especial o francês - criam filmes que retratam o povo brasileiro em sua essência: surge o cinema novo.

Tratava-se de um movimento que bebia, basicamente, em duas fontes: o neo-realismo italiano e a nouvelle vague francesa – a última novidade vinda da europa. “A nouvelle vague foi fundamental pro cinema novo porque propunha o chamado “cinema de autor”, ou seja, um tipo de criação em que os produtores tinham menos importância que o diretor. A idéia era de que o cineasta podia, através de um filme, mostrar a sua visão de mundo, numa relação idêntica a de um escritor com seus livros ou de um músico com suas canções”, afirma o estudante de cinema Pedro Gouveia.

Baseado nesse conceito, Glauber Rocha – um dos cineastas do movimento – criou a expressão “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”, que resume bem a proposta do cinema novo: produções de baixo orçamento com a criatividade superando a falta de recursos financeiros.

Outro ponto importante a se destacar é que pela primeira vez o cinema brasileiro mostrou a realidade do país sem parecer artificial. "Pela primeira vez, nós vemos o brasileiro agindo e falando como ele realmente fazia. Eram filmes que mostravam a favela, o sertão... Essa foi uma lição que o cinema novo aprendeu com os neo-realistas e é o seu principal legado”, afirma Pedro.

Assista trechos de alguns filmes do cinema novo:

"Terra em transe" (1967), de Glauber Rocha: http://www.youtube.com/watch?v=7waBTqriD0o
"Rio 40 graus" (1955), de Nelson Pereira dos Santos: http://www.youtube.com/watch?v=-WQgz2x-f28

"Macunaíma" (1969), de Joaquim Pedro de Andrade: http://www.youtube.com/watch?v=VI99UGYha_M

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