A relação do indivíduo com a música sempre foi marcada pela contemplação. Desde os primeiros registros em áudio que o ouvinte trata o Lp ou cd como algo fechado onde ele não tem a possibilidade de interferir. Porém, neste começo de século XXI, novas tecnologias tornam possível a participação do consumidor na obra do artista, oferecendo um item fundamental nesses novos tempos: interatividade.
O surgimento do iPod em fins de 2001 trouxe a chance do ouvinte dialogar e interferir na disposição das canções, ou seja, a partir desse momento ele passa a criar seus próprios discos. Pinçar uma ou duas músicas de vários artistas e montar uma coletânea, pegar um álbum e reordenar as faixas da maneira que lhe convém... O cd perde força e a canção - isoladamente - ganha em importância. Ótimo para os consumidores. Para os artistas, nem tanto.
"Eu acho que esse caminho é sem volta. Pra mim, a tendência é que o cd acabe. Mas é uma sacanagem com os artistas, porque o cara fica meses tentando fazer um disco legal e as pessoas vão pegar só uma música e ficar ouvindo direto. O resto do trabalho dele vai passar despercebido", afirma a estudante Júlia Almeida. Alguns artistas já compreenderam a necessidade de se adaptar a essa nova realidade.
Gilberto Gil é um deles. Durante o lançamento de seu novo cd, "Banda Larga Cordel", o ministro afirmou que pretende, entre outras novidades, disponibilizar gravações alternativas - que ficaram fora do cd - para que os ouvintes possam modificá-las. E não se preocupou com a ordem das músicas em seu novo trabalho. "As pessoas vão fazer discos de cinco faixas mesmo", declarou.
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